Levantamento feito pela empresa britânica de aprendizagem Pearson, divulgado em agosto, revela que 76% dos brasileiros afirmam que a crise provocada pela pandemia do coronavírus os levou a repensar suas trajetórias profissionais. A crise no mercado de trabalho brasileiro e a recuperação econômica mais lenta no país devem estimular profissionais a levar suas carreiras para o exterior, avalia pesquisador.
A pandemia impactou incisivamente o mercado de trabalho. O isolamento social, trabalho remoto e até mesmo as demissões, estão estimulando profissionais brasileiros a buscar alternativas para suas carreiras neste período. Uma pesquisa britânica do grupo de educação Pearson, revelou que 76% dos brasileiros repensaram sua carreira por conta da pandemia, além disso 59% estão preocupados com a possível mudança de função por causa da crise.
Antes da pandemia, já havia aumentado o número de profissionais brasileiros que internacionalizaram suas carreiras ao exterior. O fenômeno, chamado de ‘fuga de cérebros’, foi mais percebido nos Estados Unidos. Em três anos, o número de brasileiros aprovados para morar no país deu um salto. Em 2018 (dado mais recente), foram emitidos 4.300 vistos de imigração para cidadãos do Brasil – um aumento de 74% em relação a 2015, quando houve 2.478 vistos concedidos, segundo o Departamento de Estado americano. Esta onda de emigrantes conta, principalmente, com profissionais qualificados que procuram oportunidades em outro país.
Não apenas o governo americano acolheu mais petições de profissionais estrangeiros para residir no país, mas o congresso americano também parece estar engajado em atrair mais mão de obra profissional qualificada do exterior. A Lei de Resiliência da Força de Trabalho em Saúde, proposta pelos senadores Dick Durbin (D-Ill.) E David Perdue (R-Ga.), prevê a disponibilidade de 40.000 novos green cards (documento de residência permanente nos EUA) a médicos e enfermeiros estrangeiros, interessados em trabalhar legalmente no país. O objetivo é atrair mão de obra adicional para o tratamento à covid-19 no país norte americano.
Os números comprovam essa intenção. De acordo com uma pesquisa do Bureau of Labor Statistics (Departamento de trabalho) nos EUA, o percentual de estrangeiros que integram o mercado de trabalho americano e que possuem um diploma de bacharel ou formação superior é, atualmente, de 36,9%. Os que detêm diploma de ensino médio são 25,1%, percentual muito próximo ao de americanos nativos com diploma de ensino médio.
O jornalista, escritor e empresário Rodrigo Lins, autor do livro “Internacionalize-se: Parâmetros para levar a carreira profissional aos EUA legalmente” lançado em 2019, explica que o perfil de trabalhadores estrangeiros nos EUA mudou nos últimos cinco anos saindo de um perfil mais operacional e braçal para posições em gestão e empreendedorismo.
“Os dados do Bureau of Labor Statistics mostram que dos 27,2 milhões de trabalhadores estrangeiros empregados com 16 anos ou mais até 2018, a maior parte, mais de 33%, trabalhava em administração, negócios, ciências e artes. Percentual muito maior que os 13% que atuam em Recursos Naturais, Construção e Manutenção (serviços que há pouco mais de 10 anos eram os mais atraentes a imigrantes) “, avalia Rodrigo Lins que pesquisa a imigração aos EUA.
Internet salva carreiras
A pesquisa Pearson mostrou que 78% dos brasileiros consideram o ensino à distância importante para o desenvolvimento de novas habilidades e requalificação profissional. Um cenário que, segundo Rodrigo Lins, deve ser aproveitado por profissionais que almejam sair do Brasil para trabalhar em suas áreas de formação no exterior.
“O endurecimento das normas migratórias para acolhida de estrangeiros nos países devido à pandemia, devem alterar a forma como as pessoas realizam esta internacionalização de carreiras. Os profissionais devem apostar na qualificação via internet para seguir atualizando o currículo e, inclusive, aproveitando o momento para conseguir um diploma de instituição de ensino estrangeira, o que pode ajudar no processo de internacionalização profissional”, explica Rodrigo Lins.
A internacionalização de carreiras é uma forma de ‘entrar pela porta da frente’ nos Estados Unidos com reconhecimento do mérito intelectual do profissional. Lins explica que muitos brasileiros estão contando com diplomas emitidos em instituições americanas para validar seus pedidos de trabalho no país.
Diploma ‘made in USA’
É possível estudar numa instituição internacional sem sair do Brasil. Instituições de ensino superior estão se adequando para atender o aumento da procura por quem busca seguir a formação mesmo neste período de pandemia. A Ambra University, por exemplo, é a primeira universidade americana com cursos em português e totalmente via internet. A instituição oferece cursos de graduação, pós-graduação e mestrado online. Ideal para quem precisa ou prefere ter a liberdade de tempo e espaço para estudos e deseja um diploma reconhecido nos EUA.
A proposta de estudo da Ambra, que há mais de 10 anos forma brasileiros, é para que o estudante faça a graduação remotamente, e tenha o diploma americano reconhecido. O diploma pode ser revalidado no Brasil.
*Rodrigo Lins é Mestre em Comunicação, Especialista em linguagem audiovisual, Professor universitário, jornalista e escritor, reside legalmente nos Estados Unidos e é autor do livro “Internacionalize-se: Parâmetros para levar a carreira profissional aos EUA legalmente” lançado em 2019. Dirige a agência de Comunicação, Marketing e Imprensa multinacional Onevox Creative Solutions com sede nos EUA.
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